Maioria dos medos é fruto da imaginação.

12/11/2016

Maioria dos medos é fruto da imaginação.




Para começar a vencer os medos do cotidiano, é necessário o autoconhecimento. Precisamos aprender a discernir duas coisas: quando o medo representa uma emoção positiva, nos dizendo que é preciso nos proteger, e quando ele é o sintoma de emoções negativas como ansiedade, apego, insegurança, raiva, que nos tiram do equilíbrio.
O medo é um hábito de autosugestão, uma energia que aplicamos de maneira errada. Ele vem da interrupção da racionalização. Geralmente ao ter medo ou em situações de perigo, tomamos atitudes erradas porque reagimos ao que pensamos, em vez de agirmos de acordo com a realidade dos fatos.
Precisamos aprender a ver a realidade em si mesma e não como a fantasiamos. É importante diferenciar problemas reais dos problemas imaginários. E, eliminá-los, compreendendo que são pura perda de tempo e que ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.
Os problemas imaginários não têm solução porque não existem. Eles existem somente na mente iludida que pensa e duvida muitas vezes se preocupando sem necessidade. Essa mente negativa inventa, cria e constrói coisas que não podemos tocar na realidade e assim, nos faz viver no mundo de construção imaginária.
Se você estiver com medo, pare de se julgar ou se culpar. Acolha o que estiver sentindo e busque primeiro atender suas necessidades mais imediatas como recuperar sua respiração calma, ir ao banheiro, chorar, andar um pouco ou dormir. Depois, racionalize seus medos na luz do discernimento e, comece a enfrentar as situações de medo, pouco a pouco, no seu dia-a-dia.
Não se diminua ou se sinta inferior porque tem medo. O medo é natural do ser humano.
Na hora do nascimento, a criança é empurrada para o mundo e sente medo de vir para o desconhecido, para a luz, para o barulho.
No momento em que nascemos nosso sentimento de desamparo e medo do mundo nasceram também. Vieram conosco medos muito antigos e nossos sentimentos limitados a respeito de nós mesmos.
Marcas profundas
Algumas pessoas alimentam esses medos que vão aumentando e, se não enfrentarem isso, eles vão se enraizando formando vrittis (palavra em sânscrito que significa marcas profundas). Essas marcas profundas na mente criam como uma prisão interna que gera muito sofrimento, desânimo e frustração.
Existe um medo vicioso que é produto da dúvida e da desconfiança. Existe o medo da perda devido ao apego às posses, às pessoas, ao status, ao emprego e até aos animais de estimação.
Para eliminar a inquietação e dor desses medos, precisamos refletir sobre a impermanência da vida. Tudo é transitório e tudo passa. Nada nos pertence. E, a ignorância dessa verdade tão óbvia, gera muita dor desnecessária.
Os medos se escondem em cantos escuros da mente. Têm muitos matizes e conotações diversas. Às vezes, eles surgem de pressentimentos negativos e distorcidos. Ou são desculpas para não se enfrentar um desafio novo, porque, camuflada no medo, está a preguiça de não querer se esforçar. Está escondido lá o comodismo de não querer aprender coisas novas ou fazer as mudanças necessárias.
Examine quais são os disfarces diferentes que o medo tem dentro de você.
Racionalize o medo
Por exemplo, se tem medo de elevador, de andar de metrô, de dirigir carro, ou qualquer outro medo limitante, procure racionalizar isso. E, aos poucos, enfrente esse medo imaginário. Se seu coração disparar, diga para seu corpo e sua mente que você não corre perigo algum. Não vai faltar ar, nem você vai se sentir mal. É apenas uma reação do corpo e da mente, preparando você para fuga ou luta como se fosse você enfrentar um leão. Mas, de fato, você não está correndo nenhum perigo e o leão existe apenas dentro de sua mente.
Entenda isso: só você pode destruir esse leão imaginário. Só você pode tirar de sua mente essa fantasia e falar internamente com seu corpo e sua mente que está tudo bem, que é apenas uma imaginação.
Compreenda que o problema não está no objeto temido, e sim na alimentação desse medo imaginário. Somente você pode escolher o que pensar e optar por matar esse medo por inanição.
Pare de pensar tanto em seus medos, viva mais o momento presente. Perceba quando sua mente começa a imaginar acontecimentos negativos relacionados com seus medos e, imediatamente, corte na raiz esses pensamentos.
É necessária muita determinação para superá-los, pois você os tem alimentado há algum tempo. Decida que merece sentir liberdade dentro de si mesmo.
Insista em purificar seus pensamentos. Fique atento e observe quando começa aquelas ordens mentais negativas, dizendo que você não vai conseguir, que algo ruim vai acontecer ou vai ter medo. Não acredite nessas ordens porque não são verdadeiras.
Muitas pessoas desistem de enfrentá-los porque tem medo de sentir medo e toda a sensação desagradável que o medo produz. Porém, precisam saber que quanto mais evitam o medo, mais ele se torna maior criando uma prisão interna muito forte que paralisa e tira a alegria de viver.
Você pode vencer seus medos e dúvidas, se assim decidir. Aceite seus limites, mas não acredite nessa mente negativa. Diga não a essa pressão interna.

Texto: Emilce Shrividya Starling