Entendendo os Retrocessos da ansiedade e pânico

07/11/2016

Entendendo os Retrocessos da ansiedade e pânico







Os retrocessos, tais como a ansiedade antecipatória de enfrentar situações que você achava que não eram mais perturbadoras, ou um ataque de pânico depois de passar um bom tempo sem tê-los, são uma parte inevitável e essencial de sua recuperação. Quanto mais cedo entender e aceitar isso, mais progresso você fará na superação de sua fobia ou síndrome de pânico.
Vejamos o que acontece durante um retrocesso. Quando começa a fazer coisas que não fazia há anos, você se sente maravilhoso.
Junto com suas novas realizações vem mais auto-estima e animação. Você tem pensamentos mágicos de jamais ter outro ataque de pânico. Então justamente quando você está convencido de que venceu a maldita coisa, de repente ela ataca de novo. Dessa vez, parece pior do que nunca! É assim, em parte, porque você está apavorado ao sentir-se regredindo, que o alivio foi apenas temporário e, em parte, porque os sintomas parecem mais pronunciados.
Nenhuma das duas coisas é verdadeira. Na verdade, um retrocesso constitui um “trampolim”. Cada revés faz você avançar na direção da recuperação.
Por quê?
Em primeiro lugar, cada retrocesso é uma oportunidade para o crescimento. Lembre-se de algo que você achava que não conseguiria fazer - talvez umas poucas semanas atrás – e depois conseguiu. Como você se sentiu depois? Orgulhoso? Mais forte? Teve um sentimento de realização?
Em segundo lugar, cada revés torna mais fácil encarar o medo, se ele acontecer novamente. Você notará que não demora tanto para voltar ao ponto em que estava. Você jamais perde o terreno já conquistado; apenas parece que perdeu, temporariamente. Você ganha nova confiança pelo fato de confrontar e lidar com uma situação difícil.
Por fim, os retrocessos permitem que você pratique as técnicas que aprendeu. Cada oportunidade para praticar reforça sua compreensão de que, por mais assustadora que pareça uma situação, nada vai lhe acontecer exceto que você talvez tenha sensações desagradáveis e pensamentos amedrontadores. Cada vez que passar por um retrocesso pense nisto a jornada feita com pânico é ainda mais exitosa que a jornada feita sem pânico. Concentre-se em seus ganhos e trabalhos a partir deles.
A natureza dos retrocessos é que eles ocorrem quando você menos quer ou espera.
Você está dirigindo, pensando em como é maravilho poder dirigir sem ataques de pânico, e lá se vai seu nível de ansiedade para cima.
Ou, você está fazendo compras numa loja cheia, dizendo para sua amiga como está contente por seus ataques de pânico terem acabado e adivinhe? O pânico mostra sua face horrível. Isso acontece, em parte, porque os ataques de pânico “não tem consciência”.
Mesmo que esteja “tendo pensamentos positivos” sobre seus ataques de pânico, tais como “não tenho um deles a muito tempo”, você pode começar a ter ansiedade antecipatória somente porque está pensando neles.
Da mesma forma, pode estar havendo tensões em sua vida que você não está percebendo. Algumas pessoas descobrem que sofrem com maior probabilidade um ataque de pânico quando estão estressadas.
Com outras, ocorre exatamente o oposto. Quando estão preocupadas com tensões da “vida real”, percebem menos as reações de medo irracionais. Talvez estas pessoas achem que tem “permissão” para se sentirem ansiosas quando algo realmente estressante está acontecendo e, portanto, não se preocupam em sentir-se dessa forma. De qualquer modo, os estresse pode afetar sua fobia ou síndrome do pânico. Reconhecer e aceitar isso pode economizar muito pensamento fútil do tipo “por que justo agora?”.
Além disso, um retrocesso é sempre uma oportunidade. À medida que avançar, você descobrirá que as maiores experiências de crescimento ocorrem depois de um retrocesso. É então que você percebe e aceita que, embora não aja uma “bala mágica” para acabar com o distúrbio de ansiedade, eles são tratáveis e sua melhor arma são seu trabalho e exercícios duros.
“Paz é o outro lado do medo – e somente depois de passar através de seus medos é que você encontrará alivio”. Repita isso para si mesmo na próxima vez que achar que está tendo um retrocesso e compreenderá porque o chamamos de “trampolim”.
Para “crescer” a partir de um revés, pense sobre os pontos seguintes:
1- Há ‘dias bons”e ‘dias ruins”. Um dia ruim não significa “ruim para sempre” é simplesmente um dia, ou momento ruim. Isole-o dessa forma. Aceite o que está acontecendo, ou aconteceu, algo a que você reagiu de maneira negativa. Isso é tudo o que está acontecendo. Você não está voltando para a estaca zero. Você não perdeu o que ganhou. Você está simplesmente tendo um momento ruim. Ele passará, tal como passaram os outros.
2- Se tem pré disposição para ataques de pânico, você é, provavelmente, muito sensível a quaisquer emoções ou sensações corporais fora do comum, inclusive algumas que a maioria das pessoas não percebem. Até mesmo sentimentos e movimentos normais – como ficar esbaforido – podem se tornar preocupantes. Não é preciso muito para ficar indefeso e oprimido.
Nessa circunstancia, você ficará, provavelmente, tomado por sentimentos não identificados e pensamentos confusos e precipitados. E isso pode ser tão assustador que você tende a voltar-se para dentro: em vez de identificar o que está realmente acontecendo ou qual é o problema você se concentra em seus sentimentos que, com novo combustível, podem facilmente se transformar em pânico.
Se der rédeas soltas, essa espiral negativa provavelmente despertará seus velhos sentimentos de desamparo e seus padrões de evitação. Mas, agora, você sabe como interrompe-los use as técnicas que aprendeu para voltar ao presente. E note com que rapidez você baixa seu nível de ansiedade.
3- Recuperação e êxito não significam que nunca mais terá outro ataque de ansiedade ou pânico. Compreende-se que seja isso o que você inconscientemente quer e espera e, portanto, você pode interpretar qualquer coisa que não seja a “ausência de ansiedade” como um fracasso. Mas quando pensa sobre isso racionalmente, você sabe que não é possível ou realista deixar de sentir ansiedade de novo. Porem é possível evitar que a ansiedade e ataques de pânico mande em sua vida!
4- As mudanças de vida afetam a todos, mas as pessoas propensas aos distúrbios de ansiedade são tipicamente mais sensíveis e reativas do que outras, e, portanto, mais fortemente afetadas.
Há uma sensação de segurança na familiaridade das coisas. Qualquer mudança importante – de casa, de emprego, uma perda, ou rejeição pessoal – gera emoções fortes. Até mesmo as mudanças positivas podem produzir sentimentos desagradáveis ou amedrontadores.
Respeite seus sentimentos. É normal, saudável e perfeitamente correto sentir-se inquieto em relação a mudanças. Os problemas surgem quando você começa a confundir esses sentimentos com velhas sensações de pânico. Ficar apreensivo, inquieto ou ansioso em relação a uma mudança não significa que você está voltando a ser como antes.
É simplesmente o modo como sua mente e seu corpo reagem às “novas informações”. Reconheça isso pelo que realmente é e vá em frente.
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5- Sentimentos fortes – raiva, mágoa, decepção, solidão e até mesmo sentimentos agradáveis como amor – confunde-se muitas vezes numa única percepção: “ansiedade”, “pânico” ou “medo”.

Quando esses sentimentos não são identificados pelo que são, acrescenta-se mais ansiedade à que já está presente. E quando a ansiedade cresce, as coisas começam a parecer fora de controle e você acha que está tendo um retrocesso.
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Você pode deter essa espiral concientizando-se sobre a verdadeira natureza de seus sentimentos. Deixe que eles venham à superfície. Não fuja deles, mesmo que sejam assustadores.
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Os sentimentos fortes, inclusive os “maus” sentimentos, como raiva, ou decepção, são normais e proveitosos. Aprenda a usar todos eles. Talvez ajude escrevê-los, ou conversar sobre eles com alguém em que você confie e de quem se sinta próximo. 

trecho do livro ´Vencendo o medo´ da Dra Jerilyn Ross