A CLAUSTROFOBIA: O MEDO DE LUGARES FECHADOS
Na claustrofobia, ou medo de
lugares fechados, as impressões psíquicas tornam-se físicas: o ambiente
“encolhe”, o teto teima em aproximar-se, as paredes comprimem-se, as pernas e
as mãos tremem desmesuradamente, o suor escorre, a boca seca e o coração parece
querer ser o primeiro a sair dali, furando o peito. Os elevadores são a
ilustração costumeira deste tipo de fobia.
Medo de lugares fechados, abertos, multidão, escuro, altura, entre outras
fobias, são reações normais que servem para qualquer ser racional distinguir o
que é perigoso ou não. O exagero, porém, pode ser um distúrbio psíquico, mas a
cura é possível. Quem ainda não sentiu medo? Fobias, como outras doenças da
mente, sempre existiram desde as épocas mais primitivas. Sem dúvida, o medo nos
tempos pré-históricos era totalmente diferente. Já na atual sociedade moderna,
há pessoas que têm pavor de dentista, avião, montanha russa, altura, entre
outros, que são reações psicossomáticas inerentes do organismo diante do perigo
iminente, causando sudorese, pânico, o aumento da adrenalina, dos batimentos
cardíacos etc.
Há muitas pessoas, contudo, que têm um medo muito exagerado diante de algumas
situações do dia-a-dia, principalmente de locais fechados, como elevadores,
comboios ou aviões, por exemplo. A fobia também pode estar presente quando a
pessoa se encontra cercada por uma multidão. A claustrofobia, todavia, não é
uma doença, mas um sintoma, geralmente acompanhado de um distúrbio conhecido
como Agorafobia - o medo de estar em um lugar público lotado de pessoas, de
onde o indivíduo não pode sair facilmente, caso se sinta mal.
As fobias podem ser classificadas em dois grupos. No primeiro, encontram-se as fobias comuns, ou seja, aquelas cujos sinais são o medo excessivo de coisas que todos, numa certa medida, temem, como por exemplo, alguns tipos de animais, a escuridão, a morte, as doenças etc. No segundo, o medo está ligado, não a um objeto específico, mas sim a um certo ambiente, como é o caso das agorafobias. São fobias contingentes, de natureza contextual, ou seja, manifestam-se dentro de um contexto.
As fobias podem ser classificadas em dois grupos. No primeiro, encontram-se as fobias comuns, ou seja, aquelas cujos sinais são o medo excessivo de coisas que todos, numa certa medida, temem, como por exemplo, alguns tipos de animais, a escuridão, a morte, as doenças etc. No segundo, o medo está ligado, não a um objeto específico, mas sim a um certo ambiente, como é o caso das agorafobias. São fobias contingentes, de natureza contextual, ou seja, manifestam-se dentro de um contexto.
É muito comum haver confusões na comparação entre Agorafobia e Claustrofobia.
Pensa-se que a primeira seria o medo de espaços abertos e, portanto, o
contrário da segunda, o medo de espaços fechados. Agorafobia não é medo de
espaços abertos como normalmente dizem, mas medo de lugares cuja fuga é
embaraçosa ou difícil que, muitas vezes, pode ser um espaço amplo, como uma
estação do metro ou um estádio de futebol. "A confusão deve existir pelo
fato de que espaços públicos são lugares amplos e geralmente abertos, mas não é
o caso do metro que é confinado. A afirmação de "que um é contrário do
outro" não é verdadeira porque uma pessoa com fobia de elevador pode ter
tanto uma Agorafobia como uma Claustrofobia", explica a psicoterapeuta e
diretora do Instituto de Psicoterapia Avançada, Maura de Albanesi.
Outra confusão pertinente é porque as crises acontecem, geralmente, em lugares
fechados e também pelo fato de que os conceitos são muito semelhantes
(Agorafobia - medo de lugares de difícil escape e Claustrofobia - medo de
lugares fechados). Se a pessoa tem medo de elevador somente por ser um espaço
confinado é uma Claustrofobia. Se, entretanto, o indivíduo tem medo de passar
mal (o que não significa necessariamente estar preso na cabine) e não ser
socorrido, caracteriza-se um medo antecipatório, típico da Agorafobia.
Mesmo alguns segundos diante de um contexto claustrofóbico são suficientes para
desencadear um complexo de sintomas nas vítimas deste transtorno. Elas passam a
evitar estas situações, consideradas como de risco. É difícil avaliar quais as
causas deste problema, pois elas podem ser múltiplas. Aqueles que sofrem de
qualquer tipo de ansiedade têm uma tendência maior a apresentar este distúrbio,
pois qualquer vivência de um trauma em um lugar fechado pode ser o estímulo
inicial para desenvolver nestas pessoas este gênero de fobia. "Geralmente,
estas pessoas se isolam e evitam locais que possam gerar contextos
claustrofóbicos, pois se deixam dominar pelo medo, recolhendo-se a lugares nos
quais se sentem mais seguros", explica a psicoterapeuta.
Tratamento - É fundamental, assim, tratar este transtorno, para que ele não se
agrave e evolua para outras doenças psíquicas. Neste sentido, é importante
aliar a psicoterapia com antidepressivos. A psicoterapia tem como objetivo de
reestruturar a mente, identificar os medos e trabalhar os aspectos irracionais
de cada um deles. "A cura completa é, sim, algo bem real e possível. Tanto
o claustrofóbico quanto seus familiares devem aprender a aceitar esta
realidade. Só assim será possível eliminar de vez estes incômodos efeitos do cotidiano
muitas vezes massacrante da nossa civilização. O autoconhecimento e a
compreensão de si mesmo podem ajudar o paciente a se libertar desta e de outras
fobias", completa Maura.
Em sua grande maioria, os
claustrofóbicos têm medo de morrer, não possuindo, portanto, o específico medo
de lugares fechados. Os pensamentos ligados a esses pacientes adquirem grande
importância no diagnóstico da patologia e, neste caso, o medo de morrer por
falta de ar é o mais recorrente. “Às vezes, a pessoa não tem medo de avião, mas
tem fobia de ficar presa nesse lugar, pois, caso aconteça algum problema, ela
não tem para onde ir.
Apesar de ainda não ter sido elucidadas as reais causas das fobias, sabe-se que
existe aí um componente genético, visto que mais de 70% das pessoas fóbicas
possuem parentes com este mesmo problema. Exposição a situações semelhantes às
que provocam medo, repressão sofrida no passado, dentre outros fatores, também
podem estar relacionados. As manifestações da doença geralmente têm início na
infância, e devem ser tratadas, já que tendem a se agravar com o passar dos
anos; e causam situações de desconforto à pessoa, podendo interferir em suas
relações sociais.
Há cerca de seis meses, o estudante de Administração Fábio Andrade, 23, sofre
de claustrofobia. Ele evita elevadores, teme escadarias escuras e apavora-se
diante da improvável possibilidade de ficar preso dentro do banheiro. Para
Fábio, mesmo uma janela fechada pode ser sufocante. “Tenho a impressão de que
vou desmaiar, o coração dispara, a mente fica retorcida e a visão embaça”,
conta.
De onde vem isso? A claustrofobia de Fábio surgiu de repente e ele ainda não
conseguiu descobrir o motivo do trauma. De fato, nem sempre é fácil encontrar a
razão, já que não há uma causa única. Segundo o psiquiatra Gilson Volpe,
“pessoas naturalmente ansiosas ou de fundamentos reativos têm uma predisposição
a desenvolver o transtorno”. Para alguém com essa personalidade, experiências
traumáticas em lugares fechados são o estopim. A presença de alguém
claustrofóbico na família também pode dar início ao que os psicólogos chamam de
aprendizagem por modelação. Algumas correntes ainda apontam como uma das causas
da fobia a repressão de impulsos sexuais e sentimentos de culpa.
Afastar-se do mundo, obviamente, não é a melhor maneira de enfrentar este pavor
irracional. Este é um daqueles transtornos em que a psiquiatria e a psicologia
andam de mãos dadas. Segundo o psiquiatra Gilson Volpe, existem dois grupos de
medicamentos mais recomendados para o tratamento da claustrofobia, os
ansiolíticos e os antidepressivos. “Eles inibem a recaptação da serotonina,
responsável pela ansiedade”, traduz. Os resultados costumam ser rápidos, mas há
riscos do medo voltar a se manifestar ao interromper a medicação.
Por conta disso, o tratamento psicológico é de suma importância para a cura da
claustrofobia. A psicóloga Sonia Maeda aconselha a terapia focal por meio da
abordagem comportamental. Nessa linha terapêutica, o claustrofóbico se submete
a efeitos de relaxamento, abrindo a porta para o psicólogo o conduzir a uma
reestruturação cognitiva. “É preciso montar uma hierarquia dos medos, desde o
mais terrível até o menor, e trabalhar a irracionalidade de cada item. A partir
daí, o psicólogo incentiva o paciente a se expor às situações que ele considera
de risco”, informa Sonia, referindo-se ao método conhecido por
dessensibilização sistemática.
Sem dúvida, não se trata de um transtorno dos mais simples, pois traz muitos
impedimentos. Mas o claustrofóbico pode, sim, conseguir cura completa. Para
isso, é muito importante detectar as raízes do medo e, como afirmou Sonia,
expor-se pouco a pouco a eles.
A duração do tratamento psicológico varia de acordo com o grau da fobia e de
como ele mesmo pretende se ajudar. Vale lembrar também o papel da família em
aceitar o medo como parte de um comportamento doentio, sem criticá-lo. Ao final
da terapia, associada às medicações, é possível fechar as portas deste medo
irracional de uma vez por todas.
É indicado que o paciente pratique exercícios, tenha uma alimentação balanceada
e acompanhamento terapêutico, a fim de reduzir o estrepe e aumentar a
auto-estima e confiança – imprescindíveis para o sucesso do tratamento.
Uma técnica amplamente utilizada é a da auto-exposição, na qual o
indivíduo fóbico enfrenta de forma gradual as situações que lhe causam medo,
podendo se recuperar completamente ao final do tratamento.
PROF. KIBER SITHERC
http://professorkibersitherc.blogs.sapo.pt/59958.html